A formulação do Agenda 21 do Município de Guarujá foi um dos processos
de planejamento que permitiu a consolidação da proposta teórica e metodológica
do Planejamento Prospectivo Público construída por Gloria Patricia Ramírez e
Luis Carlos Burbano. Neste esforço de aplicação e refinamento da metodologia
foi fundamental as contribuições dos membros da Comissão da Agenda 21 da
Prefeitura Municipal de Guarujá e do incansável trabalho de sua Coordenadora
Geral, Andréia Carvalho Estrella, que sempre esteve na frente nas distintas
atividades que levaram a bom término os resultados do livro da Agenda 21 de
Guarujá que publicamos neste Blog.
Quais São os Fundamentos Conceituais do Planejamento Prospectivo Público-
PPP?
A prospectiva (ou Foresight em inglês) é um termo
abraçado primeiro por Gaston Berger em 1957 que significa olhar preocupados pelo
longo prazo, mas de forma profunda para “...encontrar
os fatores e tendências que são realmente importantes" (Godet, 2007) e desenhar um futuro diferente segundo
uma visão desejada. Mas a prospectiva como ferramenta de planejamento de longo
prazo deve ir acompanhada da estratégia, isto é, da formulação de ações
estratégicas que possibilitem construir e preparar-se para esse futuro, sem
perder de vista a imaginação e a criatividade. Embora, não seja possível saber
com exatidão o que vai acontecer nos próximos 10 anos ou no mais longo prazo, o
uso de um método apropriado de prospectiva permitirá prever diversos
comportamentos da realidade da educação. De acordo com Ramírez
(2012), para Godet “...há duas fases no processo de previsão. Primeiro,
é a fase pré-ativa na qual os atores tem uma abordagem preventiva às mudanças
previsíveis e, por outro está a fase pró-ativa, quando os atores agem criando
as mudanças que desejam. Ambas as fases, a pré-atividade e pró-atividade são
diferenciadas porque a primeira procura explorar as possíveis mudanças que
podem enfrentar no futuro os atores e a última é uma fase normativa que,
dependendo da magnitude da incerteza e risco, visa preparar para a ação, ou
seja, delinear opções estratégicas possíveis e desejáveis. ” (p. 54).
O planejamento prospectivo foi primeiro amplamente
aplicado no âmbito empresarial, e depois levado à esfera pública, mas sem as
adequações necessárias. É assim que tem se formulado muitos planos de longo
prazo com metodologias gerais que não consideram as particularidades do entorno
público. Para superar essa deficiência, Burbano &
Ramírez (2010) desenharam um Método de Planejamento Prospectivo adequado
às características dos problemas do planejamento de longo prazo do setor
público. Esse método de Planejamento Prospectivo Público (PPP) articula de
forma coerente e consistente as bondades das técnicas prospectivas de Michel Godet (1994, 1997); o planejamento por cenários
de Kees van der Heijden (2005), Peter Schwartz (1991,
2003) e a metodologia do Planejamento Estratégico Público desenhado por
Burbano & Ramírez que se inspira nos desenvolvimentos do Planejamento
Estratégico Situacional de Carlos Matus (1997).
Dito método de Planejamento Prospectivo Público (PPP) tem sido aplicado com
sucesso pela Equipe de Trabalho da PlanGov em outras prefeituras do Brasil.
Os Ciclos do Processo de Planejamento Prospectivo Público (PPP)
O processo metodológico do Planejamento Prospectivo Público desenvolvido
por Burbano & Ramírez (2010) se compõe dos seguintes seis Ciclos:
Ciclo 1.
Inteligência Estratégica: É um momento de preparação porque aqui é determinado o objetivo central
e a abrangência do plano de longo prazo. A partir dessas definições, é
formulada a pergunta central; em seguida, são exploradas e analisadas as forças
motrizes e suas respectivas tendências (ou fatores de mudança) e, finalmente, são
identificados e construídos os indicadores estratégicos que permitem o
acompanhamento global do problema de interesse para o Planejamento Prospectivo
Público.
Ciclo 2. Exploração Estratégica: É o momento da exploração realista, porque a partir da pergunta central
é pesquisado em que direção pode ir o mundo, o qual pode ter um impacto positivo
ou negativo sobre o âmbito de interesse do planejamento de longo prazo. Para
isso, são explorados e projetados cenários prospectivos que permitirão
identificar as oportunidades e ameaças.
Ciclo 3. Direcionalidade estratégica: Este é o momento onde é desenhado o cenário
desejado de longo prazo, são definidos os valores e princípios e é formulada a visão
estratégica de longo prazo, o que constitui a imagem alvo a ser alcançada no
longo prazo em relação a um determinado tema ou assunto.
Ciclo 4. Diagnóstico estratégico: É identificado e processado o macroproblema relacionado
com o tópico que deseja ser planejado no longo prazo. O macroproblema é
definido a partir da visão estratégica e fornece as bases para a formulação das
estratégias.
Ciclo 5. Formulação do Plano Prospectivo: Posteriormente, os objetivos estratégicos e as
metas estratégicas de longo prazo são definidos; esses elementos orientam a
formulação das diretrizes estratégicas com as potencias fontes de financiamento
do plano de longo prazo.
Ciclo 6. Monitoramento e Avaliação: Neste ciclo o modelo de monitoramento e avaliação é
desenvolvido através do processo de construção dos indicadores estratégicos que
alimentam o acompanhamento do macroproblema e as estratégias. Este ciclo opera,
portanto, como um sistema sensor que
fornece informações relevantes para ser usadas como um recurso essencial para acompanhar
os resultados, avaliar a gestão e tomada de decisões e correger e ajustar o plano
de longo prazo.
O caminho metodológico que segue a construção de um plano de longo prazo aborda
os seis ciclos prospectivos com suas respectivas atividades, como é mostrado no
seguinte quadro:
CICLOS
|
ATIVIDADE
|
Ciclo 1. Inteligência Estratégica
|
1. Objetivo
Central
2. Abrangência do
Plano
3. Pergunta
Central
4. Forças Motrizes
e Tendências (Fatores de Mudança)
5. Indicadores
Estratégicos
|
Ciclo 2. Exploração Estratégica
|
6.
Cenários Prospectivos
7.
Oportunidades e Ameaças
|
Ciclo 3. Direcionalidade Estratégica
|
8. Cenário Desejado
de Longo Prazo
9. Valores e
Princípios
10. Visão
Estratégica
|
Ciclo 4. Diagnóstico Estratégico
|
11.
Análise do Macroproblema
|
Ciclo 5. Formulação do Plano Prospectivo
|
12. Diretrizes,
Objetivos e Metas estratégicas
13. Estratégias de Ação
14. Plano Financeiro
Indicativo
|
Ciclo 6. Monitoramento e Avaliação Prospectiva
|
15.
Estratégias para o Monitoramento e Avaliação do
Plano Prospectivo
|
Fonte: Ramirez & Burbano, 2010.
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